quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A primeria vez

Deixava a escola rapidamente, chegava em casa e após o banho caprichava nos cabelos, ajeitava-se na melhor camisa, emprestava um pouco de perfume da irmã e em desabalada carreira acionava sua máquina. Seguiria na direção em que ela surgiria naquele horário. Esse ritual era quase diário, somente falhava em dias de chuva ou quando seus amigos convidavam-no para o futebol.

Descia a avenida em marcha lenta, chegava na esquina e ao longe já contemplava aquela que roubou-lhe o coração. Uma cena encantadora. Vinha conversando entre as colegas. Cabelos negros, sorriso meigo e, para completar, o vestido ao balanço da brisa contribuía para deixá-la ainda mais irresistível.

Ao se aproximar, acena, dá um sorriso e mostra suas habilidades de piloto ao executar algumas manobras radicais. Simpática, retribui-lhe com uma piscadela e segue animada. Ele movido pelos desejos do coração, continua a persegui-la, chega tão próximo que consegue sentir o doce perfume, ficaria ali até o fim da vida - pensava.

Não entendia o porquê de sua euforia e do ritmo alucinado de seus pensamentos na presença dela, somente desejava mais e mais; sempre mais alguns segundos em sua presença. No entanto, notou que já estava caindo a noite e precisa partir. O trecho percorrido foi longo. Voltar significava chegar além do horário combinado e levar alguma reprimenda. Na próxima esquina darei meia volta - murmurou -  sem antes, mandar um beijão e um adeusinho.

Sentia-se o rei do pedaço porque recebia uma atenção especial de alguém muito... muito... muito querida, estava nas alturas. Seguiu acelerando fundo, precisava chegar em casa antes do anoitecer. Nossa! como foi longe, parecia que nesses momentos o tempo voava e as distâncias não existiam. Continuava ofegante ao lembrar do sorriso. Além do encanto daqueles olhos negros e cheios de alegria. E assim seguiu.

No portão de casa, a mãe perguntou-lhe o motivo do atraso. Sem responder, desceu do kart e levou-o para a garagem, o dia estava completo. Mais uma vez acompanhara sua musa. Demonstrara sua paixão pela garota que o elevara às nuvens. Enquanto isso, a mãe zelosa, desfilava um rosário de recomendações. Orientando-o para não pegar o carrinho do irmão, pois de tanto rodar naquela calçada deixara as rodas gastas, além de citar que o horário de ficar na rua não era seguro para um garoto naquela  idade.

Até parece que ele ouvia tais conselhos. Visto que viajava em seus desejos. Vislumbrando o dia de amanhã para vê-la novamente, aliás como fazia desde o início do ano ao freqüentar a primeira série em cujo caderno guardara a declaração escrita por ela, só para ele...

-- Você é um amor de menino! Gosto muito de você. Professora Rejane.

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